É um livro é uma obra que debate o embate entre o livro impresso e o digital e, ao mesmo tempo, realiza uma declaração de amor às páginas de papel em uma era tecnológica que cada vez mais aperfeiçoa os e-books. As novas gerações, a quem são direcionados os recursos tecnológicos contemporâneos e também esta história ilustrada por Lane Smith e editada no Brasil pela Companhia das Letrinhas, talvez não sejam as mais indicadas para avaliar um confronto talvez inexistente.
Os livros digitais provavelmente não foram criados com o intuito de substituir os de papel, embora tragam consigo ferramentas revolucionárias. Só o futuro, é claro, definirá o papel e o destino de cada um destes formatos, mas uma coisa é certa: o encantamento das histórias sempre estará ao alcance do leitor, seja em um suporte ou em outro.
Claro que o livro que pode ser tocado, apreendido por todos os sentidos humanos, tem um valor certamente eterno; o célebre ilustrador não pretende, porém, apresentar uma versão visionária do porvir da história dos volumes impressos, e sim presentear o leitor, adulto ou infantil, com uma narrativa que tem como protagonista o ancestral e apaixonante livro.
Ele não captura a atenção de quem navega por suas páginas através de instrumentos tecnológicos arrojados, como o twitter, as redes sociais, entre outros, e sim por meio das comoções provocadas por uma narrativa bem construída, que arrebata o leitor e o mantém cativo da primeira até a última linha.
Nesta história um diálogo engraçado e controvertido entre um burro especializado no mundo virtual e um macaco devorador de livros traz à cena as diferenças e as especificações de veículos distintos. O burro deseja de toda forma compreender o que é o livro, pois ele só conhece blogs e páginas que sobem e descem. O macaco tenta explicar, com toda paciência, que se trata apenas de um livro, o qual se lê somente virando as páginas.
Nesta trama, que durante semanas resistiu na lista dos livros mais vendidos do The New York Times, o burro chega a ler o livro, entretém-se com a narrativa, mas continua com um ponto de interrogação em sua expressão. A interação entre os animais prossegue ao longo da história, sempre com muito senso de humor, e é concluída com uma afirmação definitiva e talvez um pouco discriminatória: “É um livro, burro”.
Nada, porém, rouba a magia e o divertimento desta obra, este tributo de amor ao antigo produto gerado pela invenção de Johannes Gutemberg, a imprensa, criada em 1455. E ele não deixa de questionar o futuro do livro diante de mídias cada vez mais modernas, as quais com certeza exercem um atrativo irresistível sobre os leitores internautas.
E você, o que prefere? O livro de papel ou o livro digital?
Participe, deixando seu comentário.